Às vezes esqueço-me do que somos,
Do que não somos.
Breves momentos apenas
Em que sou tua e tu és só meu.
E nesses instantes
Infinitos e tão fugazes
Perco-me de mim.
Do mundo. Da realidade.
E a realidade és só tu.
As tuas palavras e os teus silêncios,
Tudo o que fica por dizer,
Tudo o que nunca me vais contar.
E somos apenas dois estranhos,
Duas pessoas que se olham sem se ver.
Procuro-te na ânsia do teu beijo,
Do teu abraço, do teu toque.
Procuro a verdade nos teus olhos,
Na tua boca.
E oiço o meu nome escapar
Quando me apertas com força
Com tanta força
Contra ti.
E agora misturamo-nos nessa sofreguidão
E somos um e outro
E nenhum
E ninguém.
E depois, o silêncio.
O absurdo
A loucura de mais palavras vazias.
E voltamos a ser dois estranhos
Que se olham sem se ver.